RED Recife
prêmios & publicações
programa
desenvolvimento de produto, design de produto & design gráfico
info
disciplina: product design

data: 2023

local: Recife/PE

equipe

Alexandre R. Prass

Filipe S. Santos

Thomas Weirich

extras
imagens: Paulo Higor Nunes

Um tempo novo para as cidades

As cidades que se preparam para o futuro são aquelas capazes de articular inovação tecnológica e sensibilidade urbana. Conectadas digitalmente, mas sobretudo conectadas às pessoas. O desafio contemporâneo da qualificação dos espaços públicos exige equipamentos que façam essa mediação – objetos que organizem, comuniquem, acolham e expressem a identidade dos lugares.

O mobiliário urbano, nesse cenário, adquire centralidade. Deixa de ser um mero suporte funcional e passa a ocupar papel de interface: entre o cidadão e a cidade, entre os fluxos e as pausas, entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil. Equipamentos como o Relógio Urbano Digital tornam-se elementos estruturantes de uma cidade mais eficiente, informada e sensível, que se constrói por meio de uma linguagem comum – visual, material, simbólica e tecnológica.

O RED Recife nasce desse entendimento. Desenvolvido para a capital pernambucana, ele sintetiza demandas de conectividade, durabilidade e informação com uma abordagem estética profundamente enraizada no território. É um projeto pensado para funcionar no presente e dialogar com o futuro, sem perder de vista as camadas culturais, históricas e afetivas que definem Recife.

A Escala Urbana: presença e leveza na paisagem

Na escala da cidade, o RED se apresenta como um marco sutil. Visível à distância, ele se impõe não pelo excesso, mas pela precisão do desenho. Sua forma foi concebida para dialogar com a paisagem recifense sem competir com ela, permitindo que as belezas naturais e arquitetônicas da capital continuem sendo protagonistas.

Inspirado na arquitetura barroca local, o desenho do RED explora contrastes formais, luz e sombra, e movimentos plásticos que evocam as curvas dos arcos, dos frontões e das fachadas históricas. Essa influência não é literal, mas se manifesta de forma refinada nas curvas internas do pilar, que rompem a rigidez do volume externo com suavidade e elegância. Essa relação entre o contorno geométrico externo e as inflexões internas gera uma composição equilibrada, leve, contemporânea e ao mesmo tempo enraizada no imaginário da cidade.

Além disso, o RED foi pensado para responder aos desafios operacionais da paisagem urbana contemporânea: proporções adequadas à escala dos pedestres e veículos, alta resistência aos fatores climáticos e facilidade de leitura das informações. Sua presença é clara, mas nunca invasiva. Ele orienta, informa e organiza, cumprindo com discrição e eficiência sua função urbana.

A Escala Humana: textura, cultura e aproximação

Ao nos aproximarmos do RED, revela-se uma segunda camada de experiência: a escala humana. Se à distância o equipamento se comunica pela forma e proporção, de perto ele convida à interação sensorial. O pilar do relógio é gravado com uma textura única, cuidadosamente desenhada para evocar, de maneira abstrata e poética, os elementos que constituem a identidade cultural e natural de Recife.

Essa textura – percebida ao toque e ao olhar – remete à organicidade dos arrecifes de coral, aos caminhos sinuosos dos manguezais, às curvas dos agbés, à pulsação do frevo e à expressividade do maracatu. Elementos que, mesmo quando não diretamente identificados, se manifestam como memória sensível no corpo de quem os vivencia. O RED não apenas informa: ele oferece uma experiência. Torna-se um ponto de contato entre o cotidiano e a cultura, entre a informação objetiva e a subjetividade dos afetos urbanos.

Essa dimensão simbólica do projeto cria laços com o território. A textura do RED é uma forma de escutar e devolver algo à cidade. Um gesto de cuidado, reconhecimento e pertencimento.